Waldir Maranhão faz consulta à CCJ que pode evitar cassação de Cunha
O presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), encaminhou
nesta terça-feira (31) à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) uma consulta
questionando, genericamente, os ritos dos processos de quebra de decoro
parlamentar de deputados federais que, teoricamente, pode vir a evitar a
cassação do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O peemedebista responde, no
Conselho de Ética, a um processo de quebra de decoro parlamentar sob a acusação
de ter mentido, no ano passado, à CPI da Petrobras
quando disse que não possui contas bancárias no exterior.
Nesta terça, o relator do
processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética, deputado Marcos Rogério
(DEM-RO), entregou ao colegiado seu parecer final
sobre o caso. No relatório, o parlamentar de Roraima recomenda que o presidente
afastado perca o mandato.
Apesar de o parecer do relator
ser contrário aos interesses de Cunha, aliados do peemedebista avaliam que têm
votos suficientes no conselho para rejeitar a proposta de cassação feita por
Marcos Rogério, aprovando, no máximo, uma pena alternativa, como a suspensão do
mandato.
Segundo integrantes do Conselho de
Ética ouvidos pelo G1, um dos objetivos da consulta de Waldir
Maranhão é evitar, futuramente, que o plenário da Casa reverta eventual pena
alternativa proposta pela maioria dos integrantes do colegiado e determine a
cassação de Eduardo Cunha.
Na consulta, o presidente em
exercício questiona se, na eventualidade de o Conselho de Ética rejeitar a
recomendação original do relator e propor uma pena alternativa, mesmo assim a
representação que pede a cassação tem de ser submetida à votação no plenário.
Pelas regras atuais, mesmo que
o Conselho de Ética recomende uma punição mais branda do que a perda do
mandato, o plenário principal da Câmara é obrigado a analisar o pedido que
originou o processo por quebra de decoro parlamentar.
No caso de Cunha, Rede e PSOL –
autores da representação contra o presidente afastado da Câmara – pedem que ele
perca o mandato.
Com a consulta feita por Waldir
Maranhão, os aliados de Eduardo Cunha acreditam que a CCJ possa
proibir que o plenário vote a cassação, pena máxima prevista para casos de
quebra de decoro parlamentar.
O relatório de Marcos Rogério
deve ser lido no Conselho de Ética nesta quarta-feira (1º). A expectativa é que
a votação do texto não ocorra nesta semana porque aliados de Eduardo Cunha
devem pedir vista (mais tempo para analisar o relatório).
Emendas de plenário
Na mesma consulta, o presidente interino da Câmara também questionou à Comissão de Constituição e Justiça se é permitida a apresentação de emendas no plenário para tentar modificar a pena prevista no parecer do Conselho de Ética.
Na mesma consulta, o presidente interino da Câmara também questionou à Comissão de Constituição e Justiça se é permitida a apresentação de emendas no plenário para tentar modificar a pena prevista no parecer do Conselho de Ética.
Waldir Maranhão perguntou ainda
se as emendas de plenário podem ser prejudiciais ao deputado que é alvo da
representação.
Uma das estratégias traçadas
por aliados de Eduardo Cunha é tentar amenizar a eventual punição ao
peemedebista na votação do processo de cassação no plenário da Câmara para
evitar que ele perca o mandato.
A consulta de Maranhão e a
consequente resposta da CCJ abriria caminho para a apresentação de emendas
propondo reverter a punição de cassação por outra mais branda, como censura ou
suspensão.
Escolhido para relatar a
consulta de Waldir Maranhão na CCJ, o deputado Arthur Lira (PP-AL) disse ao G1
que ainda não se inteirou sobre o teor dos questionamentos do presidente em
exercício da Casa. "Fiquei sabendo pela imprensa. Vou ver agora do que se
trata", enfatizou.
Decisões favoráveis a
Cunha
Nos últimos meses, tanto na função de vice-presidente quanto na de presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão deu uma série de decisões favoráveis a Eduardo Cunha que retardaram o andamento do processo de cassação do peemedebista no Conselho de Ética.
Nos últimos meses, tanto na função de vice-presidente quanto na de presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão deu uma série de decisões favoráveis a Eduardo Cunha que retardaram o andamento do processo de cassação do peemedebista no Conselho de Ética.
Na última quarta (25), em
resposta a uma questão de ordem do deputado Carlos Marun (PMDB-MT) – outro
aliado fiel de Eduardo Cunha – o presidente em exercício da Câmara decidiu que
o relatório final do processo de quebra de decoro parlamentar terá que se
limitar às denúncias contidas no parecer preliminar aprovado pelo Conselho de
Ética.
Com isso, Cunha só poderá vir a
ser responsabilizado pela acusação de ter mentido à CPI da Petrobras que não
possuia contas bancárias fora do país.
No mesmo ato, Maranhão
ressaltou que eventual menção a fatos que extrapolem o parecer preliminar
poderá causar “nulidade” do processo de cassação.
Em 19 de abril, antes da
votação do parecer preliminar de Marcos Rogério no Conselho de Ética, Waldir
Maranhão já havia decidido limitar as investigações à suspeita de que Eduardo
Cunha teria contas bancárias secretas no exterior e de que teria mentido sobre
a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras.
Maranhão também beneficiou
Cunha no ano passado ao determinar a subsituição do deputado Fausto Pinato
(DEM-SP) da relatoria do processo. Com isso, foi feito um novo sorteio no qual
Marcos Rogério (DEM-RO) assumiu a reltoria do caso. A troca de relatores acabou
atrasando o andamento das investigações.
Fonte:
Nathalia Passarinho e Fernanda CalgaroDo G1, em Brasília
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